Em meio ao agravamento da pandemia em todo o País, o índice que reajusta grande parte dos contratos de aluguel disparou nos últimos meses e tem impactado o orçamento de muitos inquilinos.
O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) terminou o terceiro mês do ano com aumento de 2,94% e acumula alta de 8,26% neste ano e de 31,10% em 12 meses, sendo o maior índice inflacionário medido desde 1995, conforme o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O IGP-M é conhecido como a “informação do aluguel” e serve como parâmetro para o reajuste da maioria dos contratos de locação residencial. Segundo dados da FGV, o índice usado para a correção do aluguel teve alta de 2,94% em março, acelerando em relação à variação de 2,53% de fevereiro.
A corretora de imóveis Giovana Matos explica que isso acontece em razão do período de pandemia que o País atravessa e das oscilações do dólar, além das cotações internacionais de produtos primários e matérias-primas.
“As taxas do IGP-M estão absurdas e muito elevadas, muitos clientes reclamam do valor abusivo. Neste momento, é necessário ter bom senso na hora de fazer a atualização, estamos no meio de uma pandemia e é melhor ter o imóvel ocupado do vazio. Muitas famílias têm sua renda afetada, uma expectativa é de que [o índice se] estabilize no decorrer dos meses ”, alegou a corretora.
O índice acumula alta de 8,26% nos três primeiros meses deste ano e de 31,10% em 12 meses, enquanto em março de 2020 o índice havia subido 1,24% e acumulava alta de 6,81% em 12 meses. A expectativa é de que, no mínimo, o índice volte a fechar na marca de 23%, apurada em 2020.
Nos preços para os consumidores, como maiores pressões de alta no período, de acordo com a FGV, sofre do aumento da gasolina (8,96%), do etanol (10,29%), do plano e seguro de saúde (0,83 %) e do gás de cozinha (3,29%).
Economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Fecomércio-MS (IPF-MS), Daniela Dias destaca, que é importante haver acordo entre proprietários e inquilinos, como uma saída para evitar que ambas as partes percam neste momento de pandemia.
“Para quem mora de aluguel é fundamental para uma negociação de valores, o porcentual relacionado ao mercado imobiliário está muito elevado e, no cenário atual em que o desemprego ainda está em alta e a pandemia não controlada, é necessário conversar e entrar em acordo de valores , para assim minimizar os danos e termos um equilíbrio financeiro entre todas as partes envolvidas ”, pontuou.
Para o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis de Mato Grosso do Sul (Sindimóveis), João Araújo, é importante que os corretores façam acordos e análise qual é a melhor opção de reajustes que não impacte tanto no orçamento do cliente.
“O Brasil inteiro percorrido o impacto do IGP-M, é muito complicado para quem vive de aluguel, estamos fazendo com clientes para trocar a correção monetária, uma das alternativas está calculando sendo pelo IPCA, assim temos um cálculo mais viável para os inquilinos , os valores são muito excessivos, não tem como levar em consideração ”, explicado.